De chá que cura dor de barriga a bolo com geleia, guavira é a fruta da estação

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Professores Edirley Viana Vieira e Nelson Lang durante a colheita da guavira / Foto: Moreira Produções

A guavira é a fruta símbolo do Mato Grosso do Sul e ir para os campos colher a fruta faz parte dos hábitos dos amambaienses. Com o passar dos anos, os campos de cerrados foram diminuindo, a fruta acabando e o hábito também, porém, há aqueles que ainda mantêm viva essa tradição, como é o caso dos professores Edirley Viana Vieira e Nelson Lang.

Amigos há quase duas décadas, os professores não abrem mão de aos finais semana, entre os meses de novembro e dezembro, que são as épocas de colheita da guavira, saírem à procura da frutinha, que é muito diversa, tendo da verde ou amarela; da graúda e da miúda, na árvore grande ou na planta rasteira, mas o que todas essas variedades da fruta têm em comum é o sabor e, claro, o apelo afetivo que só quem é sul-mato-grossense e, principalmente, amambaiense, vai entender.

No último domingo, dia 29 de novembro, nossa reportagem acompanhou os dois professores na colheita da guavira. Durante o caminho até chegar ao guaviral, Edirley explicou que em tempos anteriores era comum encontrar a fruta nas proximidades do perímetro urbano, mas com o passar dos anos, isso foi ficando cada vez mais difícil.

“Os locais com guavira estão ficando cada vez mais escassos no nosso município (…) precisamos preservar os guavirais, eles fazem parte da nossa história enquanto sociedade sul-mato-grossense”, garantiu Edirley. Como alternativa a se preservar a guavira em Amambai, os professores sugerem que os órgãos governamentais atuem de forma a tombar como patrimônio natural os locais que possuem a fruta, garantindo assim, a manutenção desses locais.

Ambos os professores fazem a parte deles e contribuem ativamente para a preservação da guavira em Amambai. Todos os anos, nessa época, eles catam o fruto e produzem, a partir dele, mudinhas para serem plantadas no próximo ano. “Nós fazemos as mudas, adubamos, cuidamos e depois plantamo-as em vários pontos da cidade”, explicou Nelson.

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A fruta

A guavira é uma fruta rica em vitamina C, inclusive, segundo estudiosos da nutrição, a quantidade excede em quase 20 vezes a vitamina C presente na laranja. Além disso, o fruto conta com minerais, como o magnésio, ótimo para digestão; o fósforo; o cálcio, que ajuda fortificar os dentes e ossos; e o potássio, indicado para os atletas por fortalecer os músculos, e o zinco e óleos essenciais.

Ela pode ser consumida ao natural, em sorvetes, em compotas, em mousses e até mesmo em preparos de bolo, como fez a empresa de Amambai, Zuca Bolos sem Frescura.

Camila Carollo Trento, proprietária do estabelecimento, contou que a ideia de fazer um bolo de guavira veio a partir da sugestão de uma cliente muito apegada a cultura regional. A empresa acatou prontamente a sugestão, principalmente para trazer algo de cultural ao seu empreendimento. “Nossa ideia foi fazer algo para que as pessoas que passarem por Amambai neste final de ano, possam conhecer o sabores da nossa terra e os nossos costumes, afinal, qual amambaiense que não gosta de guavira?”, disse a boleira.

Segundo ela, o fruto selecionado é acrescido na massa e em uma geleia que serve como cobertura do quitute, que foi denominado no cardápio da loja de bolos como Bolo de Guavira – Gostinho de Amambai. Para encomendar o seu, ligue: (67) 9 9808-7039.

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Dona Lulu tem 75 anos e é parteira na comunidade indígena de Amambai / Foto: Divulgação

Uso Medicinal

Assim como a maioria das plantas, a guavira também tem uso medicinal. A comunidade indígena que vive em Amambai é conhecedora de muitos benefícios medicinais da fruta. Dona Lulu, parteira Guarani Kaiowá de 75 anos, conta que a guavira é um bom remédio para dor de barriga, fraqueza e vômito.

Para fazer o remédio, segundo ela, você precisa ferver as folhas da guavireira, deixar esfriar e ir tomando aos poucos. Esse chá não tem contraindicação e também pode ser oferecido à crianças.

Onde encontrar?

Estamos na estação em que a fruta é produzida então é comum encontrarmos indígenas a venderem a fruta nas proximidades das aldeias e até mesmo no centro da cidade.

COISAS QUE A GUAVIRA FAZ

Tudo acontece em setembro

Quando entre folhas verdes

A guavireira exala perfume no ar

O encantamento prossegue em

outubro

Quando do ventre das flores alvas

Surge uma pérola da cor de

esmeralda

Carregando em si uma coroa real

Novembro é o néctar

que escorre garganta abaixo

após explodir entre os dentes

ingestão fatal!

Uma após outra

impossível parar…

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