À Justiça, pai alega que mexia no celular enquanto filho se afogava

O rapaz de 21 anos está preso desde setembro do ano passado, por matar Miguel Henrique dos Santos

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Evaldo em foto com o filho de 2 anos, morto por ele. (Foto: Reprodução Facebook)

Em seu primeiro depoimento à justiça, Evaldo Christyan Dias Zenteno relatou que colocou o filho de apenas dois anos dentro de uma bacia com água e saiu para mexer no celular enquanto ele se afogava. O rapaz de 21 anos está preso desde setembro do ano passado, por matar Miguel Henrique dos Santos Zenteno.

Nesta terça-feira, 10 de março, Evaldo foi levado a sala de audiência da 2º Vara do Tribunal do Júri para contar ao juiz Aluízio dos Santos Pereira sua versar sobre a morte de Miguel. Mesmo algemado, chegou ao local com o rosto coberto pelo defensor público Rodrigo Stochiero, um pedido que partiu do próprio réu.

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Evaldo não quis 'se expor' e chegou a audiência com o rosto coberto por uma blusa (Foto: Paulo Francis)

Em pouco menos de 30 minutos de depoimento, não usou a palavra morte em nenhum momento, afirmou apenas que “deixou o filho se afogar'. Diante do juiz, relatou que a ex-mulher foi embora de Campo Grande para trabalhar em Aquidauana e não falou que estava terminando o relacionamento. “Ela não chegou e falou à gente terminou'.

Evaldo alegou só descobrir sobre o termino um mês depois que a ex estava em Aquidauana. No entanto, em outras partes do depoimento, confirmou que a separação tinha acontecido dois meses antes do assassinato do filho e chegou a ser questionado pelo juiz das datas. “Me confundi', respondeu reforçando a primeira versão.

No momento de detalhar o assassinato, contou que Miguel estava dormindo quando resolveu dar banho nele. Encheu a bacia de água e colocou o menino dentro, ainda de roupa, só com a cabeça submersa. Quando percebeu que o filho se debatia, saiu de perto, foi para a sala e começou a mexer no celular.

Contou que mandou uma mensagem para tia, que pediu o número da conta dela para mandar um dinheiro, e quando voltou para ver o filho, já encontrou Miguel “imobilizado'. Foi então que resolveu leva-lo até o hospital. “Achava que tinha como salvar ele'.

Mais de uma vez, Evaldo afirmou que estava transtornado, que não sabia o que estava fazendo. “Não lembro detalhes, fui acordar no outro dia na audiência de custódia, não acreditava no que tinha acontecido'. Disse ainda que só queria chamar atenção da mãe do menino, que desejava os três juntos novamente, como uma família.

Questionado pelo juiz se estava arrependido de matar o filho, disse que se arrependia de “ter deixado ele lá'.

Tentativa de homicídio – Depois dos primeiros depoimentos nas audiências, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul decidiu denunciar Evaldo também por tentativa de homicídio. O crime teria acontecido uma semana antes do assassinato, quando Miguel foi levado para o hospital desacordado após cair da cama.

Por conta da nova acusação, Thayelle Cristina Bogado dos Reis, de 21 anos, a mãe do menino voltou a prestar depoimento nesta terça. Ela lembrou que Miguel estava passando o dia com o pai, na casa do avô, quando foi avisado do “incidente'. Foi o próprio Evaldo que ligou para contar e pedir para levar a criança ao hospital.

Miguel ficou desacordado, permaneceu internado em observação e depois que melhorou, contou para a mãe que havia sido empurrado pelo pai. “A gente achava que era relato de crianças, depois a gente foi ligando os fatos'. Thayelle ainda lembrou que o ex sempre a abraçava na frente do filho, “forçando uma situação'.

Evaldo rebateu a acusação e negou ter tentado matar o filho. Disse que a ex-mulher mentiu, que Miguel não ficou desacordado, apenas “zonzo'. Com o fim dos depoimentos, o juiz irá analisar o caso e decidir se Evaldo vai para júri popular e se sim, por quais crimes deve ser julgado.

O caso - Evaldo foi preso depois de levar o filho já morto para a Santa Casa de Campo Grande. Em um primeiro momento afirmou que o menino havia sido jogado em um córrego durante um assalto e por isso a Polícia Militar foi chamada. Nesta tarde, os três policiais ouvidos lembraram que os furos na versão levantaram a desconfiança das equipes e fizeram o jovem confessar ter matado o próprio filho.

Após desmentir a história do assalto, Evaldo alegou que foi orientado por um amigo a tirar a vida do próprio filho para de vingar da ex-mulher, mãe da criança. Ele chegou a levar a polícia até a casa do suspeito, mas no local os as equipes descobriram que Evaldo estava novamente mentindo. Diante da situação, acabou confessando ter cometido o crime sozinho.

Contou que em casa deu banho em Miguel e o colocou para dormir. Com a intenção de fazer a ex-mulher sofrer, por causa de uma suposta traição, encheu uma bacia com água, e colocou a cabeça do filho dentro. A criança ainda estava dormindo. Evaldo falou ainda que se afastou, deixou ele se afogar sozinho. Depois o levou para o hospital.

Credito: Campo Grande News

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