Duas onças pintadas atacaram flamingos, o que causou a morte de 172 espécimes que viviam no Parque das Aves, em Foz do Iguaçu (PR). Apenas quatro animais sobreviveram ao ataque, mas a direção do local vai investigar quantos morreram em decorrência direta de ataques e quantas foram impactadas pelo estresse da situação.

Segundo a administração do parque, os predadores, que são conhecidos na região, pularam a cerca durante a madrugada de hoje e invadiram o recinto dos flamingos africanos e chilenos.

Luciana Leite, diretora de Engajamento e Sustentabilidade do Parque das Aves, diz que as aves mortas vão passar por autópsia, já que alguns animais podem ter morrido por conta do forte estresse. No momento do ataque, a onça fêmea fêmea ensinava seu filhote a caçar. Nesse ataque, vieram a óbito 172 aves que estavam neste recinto. Nem todos os animais morreram em decorrência desse encontro direto com as onças pintadas. Nos flamingos, e em algumas outras aves, existe um fenômeno que se chama ‘miopatia de captura’, quando diante da presença de um predador e em uma situação de estresse o animal vem a óbito por parada cardíaca. Nossa equipe ainda está tentando entender a causa da morte de cada indivíduo. Segundo Yara Barros, coordenadora executiva do projeto Onças do Iguaçu, os felinos já são conhecidos na região, mas esse é o primeiro ataque registrado no local. Câmeras de segurança registraram a entrada dos predadores.

“A Andira é uma jovem fêmea, que nasceu em 2018, e o filhote dela nasceu neste ano. Eles perseguiram as aves e mataram vários flamingos. A gente está trabalhando para reforçar o trabalho de segurança e vai fazer um monitoramento a longo prazo”, afirma ela. Os flamingos estão entre os grandes atrativos do parque. Eles foram resgatados no Chile, em 1995.

Eles encontraram uma segunda chance de vida, com todo cuidado da nossa equipe e conseguiram se reproduzir. É um dia de extrema tristeza e luto. O parque decretou três dias de luto. É uma cicatriz no Parque das Aves e estamos confiantes que vamos recomeçar uma nova história O parque é monitorado por câmeras de segurança e a direção do atrativo investiga como as onças entraram no viveiro. Por medida de segurança, o Parque das Aves foi fechado e só será reaberto na sexta-feira (12).

O Projeto Onças do Iguaçu soltou uma nota sobre o caso em seu Instagram. Confira:

“Nessa madrugada duas onças-pintadas invadiram o recinto dos flamingos no @parquedasaves , vizinho ao @parquenacionaldoiguacu , e 172 aves morreram. Algumas por ataque direto das onças, outras por estresse.

A equipe do Projeto Onças do Iguaçu identificou as onças, uma fêmea e seu jovem filhote, que tem cerca de um ano de idade. Nessa fase, as mães estão ensinando seus filhotes a caçar.

O ocorrido foi uma fatalidade. O Parque das Aves é todo cercado e funcionários monitoram o perímetro e áreas internas diariamente, e seguem orientações de segurança fornecidas por nós. Ainda assim, toda proteção e cuidados não evitou a entrada dos predadores. Em 27 anos de existência do Parque das Aves, isso nunca aconteceu.

Temos recebido muitos questionamentos e comentários sobre o comportamento das onças, alguns com conotação extremamente negativa. Onças são animais selvagens, são carnívoros, exímios predadores. Elas caçam e se alimentam de outros animais. Não são cruéis. São onças.

Nos perguntam se é seguro visitar os parques. Sim, é seguro. As onças sempre existiram na região e no Parque Nacional do Iguaçu, e não há um único registro de acidentes com pessoas em toda história. As onças tendem a se afastar de pessoas e buscar refúgio na mata, que é a sua casa e seu abrigo.

Uma afirmação que surgiu é que existe um “surto” de onças-pintadas na região e isso têm sido escondido para não provocar medo. Esclarecemos que não temos um surto de onças. Temos uma população ameaçada, estimada em 28 animais espalhados pelos 185 mil hectares do Parque Nacional do Iguaçu. Essa é uma quantidade aliás pequena para a área em questão.

Em toda a Mata Atlântica existem cerca de 250 onças-pintadas apenas. Temos uma população criticamente ameaçada de extinção que quase se extinguiu na década de 90, e que com muito esforço e dedicação de muita gente, conservacionistas e lindeiros, vem se recuperando. Aos poucos, mas sempre inspirando cuidados. E precisamos do apoio de todos para continuar.

Nossa equipe se solidariza e compartilha o sofrimento da equipe do Parque das Aves pela perda de animais tão especiais.

Ainda assim, continuamos firmes no nosso propósito de proteger e conservar as nossas onças.

Nossas onças não precisam ser julgadas criminosas. Precisam que nós transformemos nosso amor por elas em ações de conservação. Para que elas possam ter uma chance de sobrevivência”