Mais de 80% das mulheres presas em MS no último ano são mães

Levantamento da Defensoria revela impactos da prisão na vida familiar e social

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Mulher em situação de cárcere com seu bebê (Foto: Arquivo Defensoria Pública)

De março do ano passado até o mesmo mês deste ano, 81% das mulheres presas em Campo Grande disseram ser mães. O dado foi divulgado nesta segunda-feira (5) pelo Núcleo Criminal da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul e reforça as consequências sociais do encarceramento feminino.

Das 313 mulheres atendidas pela Defensoria durante audiências de custódia, 254 afirmaram ter filhos. Segundo o coordenador do núcleo, defensor público Daniel Calemes, o número acendeu o alerta para o rompimento de vínculos familiares e o impacto direto sobre crianças e adolescentes.

"O dado chamou a atenção da instituição principalmente pelos efeitos sociais provocados pela prisão de mães", destacou o defensor.

O levantamento também traçou o perfil etário das mulheres presas:

30% tinham entre 18 e 24 anos;

31% estavam na faixa de 25 a 34 anos;

25% entre 35 e 44 anos;

14% tinham mais de 45 anos.

Sobre a cor ou raça autodeclarada, 53% disseram ser pardas, 15% pretas e 30% brancas. Mulheres indígenas e amarelas somaram 2%. Com isso, 68% se identificaram como negras, refletindo o impacto do racismo estrutural dentro do sistema penal, segundo a Defensoria.

A situação econômica também chama atenção:

44% estavam desempregadas no momento da prisão;

26% trabalhavam de forma informal;

18% tinham emprego com carteira assinada;

8% atuavam como autônomas.

Ou seja, 70% não tinham vínculos formais de trabalho, o que evidencia a vulnerabilidade econômica dessas mulheres.

Entre os motivos das prisões, o tráfico de drogas lidera com 41% dos casos, seguido de crimes patrimoniais, como furtos e roubos, que somam 33%. Outros crimes, como porte ilegal de arma e crimes contra a administração pública, representam 10%.

Para o defensor Daniel Calemes, os números mostram a necessidade de olhar além do processo criminal. "O dado mais preocupante é essa porcentagem altíssima de mulheres que são mães e que, ao serem privadas da liberdade, deixam filhos muitas vezes desamparados. Isso tem efeitos sociais duradouros", finaliza.

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