DNA de insetos ajuda a mapear fauna oculta no Cerrado de Mato Grosso do Sul

Estudo inédito combina análises genéticas, inteligência artificial e gravações acústicas

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Ao todo, foram monitorados 176 pontos ao longo de uma área de estudo de mais de 400 km do traçado planejado para o corredor (Divulgação)

Mosquitos, gravadores automáticos e inteligência artificial estão desvendando um retrato inédito da fauna sul-mato-grossense. Um estudo pioneiro no Estado, conduzido pela Suzano em parceria com o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), identificou mais de 200 espécies de animais silvestres no Cerrado a partir da análise de DNA coletado em moscas e mosquitos, combinado com gravações acústicas automatizadas.

A pesquisa percorreu 400 quilômetros de Cerrado, monitorando 176 pontos em áreas próprias da empresa e de terceiros. Em 79 locais, gravadores e armadilhas foram instalados juntos para capturar sons e insetos que carregam material genético de outras espécies — os chamados “amostradores vivos”.

Cada equipamento ficou ligado por 15 dias seguidos, registrando mais de 2 mil minutos de sons por ponto. Com apoio de inteligência artificial e do modelo BirdNET, foi possível identificar vocalizações de aves, mamíferos, anfíbios, insetos e até cigarras.

O objetivo é mapear a presença e a diversidade de diferentes grupos de animais silvestres.

O que já foi encontrado

Até agora, o levantamento confirmou 207 espécies, sendo 194 aves, 10 anfíbios e 3 mamíferos. Entre os destaques estão:

Lobo-guará, registrado em mais de 20 pontos

Anta, detectada em 22 locais

Mutum-de-penacho, encontrado próximo a rios

Primatas como macaco-prego-do-papo-amarelo e bugio-preto

Pequenos mamíferos como gambá-de-orelha-branca e cuíca

Felinos como jaguatirica e ainda tamanduá-bandeira e cateto

Também foram registradas espécies endêmicas raras, como o chupa-dente-do-planalto e o chorozinho-de-asa-branca, reforçando a relevância do Cerrado para a conservação da biodiversidade.

Corredores ecológicos

Os dados vão ajudar a Suzano e parceiros a implantar corredores ecológicos — faixas contínuas de vegetação que unem áreas antes isoladas, permitindo a circulação segura dos animais e a recuperação dos ecossistemas. Desde 2021, a empresa já conectou 157 mil hectares de fragmentos nativos no Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia, e pretende chegar a 500 mil hectares até 2030.

Em Mato Grosso do Sul, a Suzano mantém 1,136 milhão de hectares de áreas florestais, sendo 327 mil destinados exclusivamente à conservação, incluindo reservas e áreas de proteção permanente.

O que diz a Suzano

Para a coordenadora de Sustentabilidade da empresa, Beatriz Barcellos Lyra, o uso de novas tecnologias revoluciona a forma de entender o Cerrado.

“Ao adotarmos metodologias como os gravadores acústicos e a análise de DNA ambiental coletado por insetos, conseguimos gerar informações inéditas sobre a fauna local. Esses dados serão fundamentais para comprovar a funcionalidade dos corredores ecológicos, essenciais para restaurar áreas degradadas e conectar fragmentos de vegetação nativa”, explica.

Segundo ela, os resultados reforçam a importância de investir em ciência aplicada à conservação:

“O Cerrado é um dos biomas mais ricos e importantes do Brasil, e nossas ações demonstram o compromisso da Suzano em preservar esse patrimônio natural”, acrescenta.

Espécies mais surpreendentes do estudo

Lobo-guará – registrado em mais de 20 pontos, símbolo de conservação do Cerrado.

Anta – detectada em 22 locais, importante dispersora de sementes.

Mutum-de-penacho – encontrado próximo a rios, espécie vulnerável.

Macaco-prego-do-papo-amarelo e bugio-preto – primatas emblemáticos da região.

Jaguatirica e tamanduá-bandeira – felinos e marsupiais raros que reforçam a biodiversidade local.

Chupa-dente-do-planalto e chorozinho-de-asa-branca – espécies endêmicas do Cerrado, raramente registradas.

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